Iniciativas para a democratização da internet

No mundo, são 3,2 bilhões de pessoas conectadas à internet, segundo a União Internacional das Telecomunicações. Apesar dos números promissores, isso significa que mais de 4 bilhões de pessoas ainda não tem acesso à rede. No cenário de um planeta conectado e cada vez mais dependente da web, destaca-se a importância da democratização da internet.

“O acesso à internet é essencial para o exercício da cidadania”, comenta Paulo Rená, ciberativista e um dos defensores do Marco Civil da Internet. No Brasil, o panorama é um pouco melhor do que o mundial. Em 2015, pela primeira vez se alcançou o número de 50% dos domicílios conectados à web, segundo pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação. Em 2013, o Facebook apresentou uma iniciativa que parecia promissora nesse campo. Nomeado de Internet.org, a ideia era levar acesso à web para áreas rurais e afastadas de países em desenvolvimento. Diz o site da iniciativa:

Junto com o Internet.org, o facebook entrar lançou o projeto Free Basics, que tem como objetivo dar acesso à web pelo celular, mas para apenas alguns sites específicos — incluindo o próprio Facebook, é claro. O projeto tem sido amplamente criticado porque fere a neutralidade de rede. As críticas foram tantas que o governo da Índia, um dos países em que ocorre o projeto, resolveu intervir. Em fevereiro deste ano, a Autoridade Reguladora de Telecomunicações da Índia implementou a neutralidade de rede e impediu que qualquer provedor do país cobrasse preços diferentes para o acesso à sites ou aplicativos. A notícia fez que Mark Zuckerberg deixasse claro que ficou decepcionado com a Índia. O país asiático é o que recebeu mais investimentos para o Free Basics: foram R$ 45 milhões.

O Google também tem a sua iniciativa com o objetivo da democratização da internet, atualmente o gmail já é considerado o provedor de email mais utilizado do mundo. O Projeto Loon coloca balões na estratosfera e leva acesso à rede para países em desenvolvimento. Em março de 2015, Mike Cassidy, líder do projeto, deu entrevista ao The Verge e falou se o Loon ia, de alguma maneira, restringir o acesso.

“Não, é o que você quiser acessar. Abre um navegador do Chrome e você pode abrir o que quiser — e até mudar o navegador”, comentou. Mesmo assim, o projeto foi criticado por ativistas e até por Bill Gates. “Se você estiver morrendo de malária, suponho que você vai olhar para cima e ver aquele balão. Não sei como isso vai te ajudar”, disse Gates para a Business Week.

Há críticas ainda piores: Douglas Marshall, que trabalha para regular as ações de drones nos Estados Unidos, afirma que as intenções do Google podem ser outras. “Aquilo é uma aeronave e não tem um piloto. Não há uma regulamentação que fala sobre essa situação”, disse ao The Atlantic, referindo-se ao balões do Loon. Estaria o Google montando um sistema de aeronaves na estratosfera?